Recordações de fim de ano
O velho e conservado chalé de vovô na Rua Arnaldo de Carvalho, em Santos, ao lado das oficinas da Estrada de Ferro Sorocabana estava em festa. Reunidos com os tios , tias e primos, enchíamos o ambiente de sons dos mais diversos. O barulho se misturava com o estalar da madeira ardendo no fogão de lenha onde as carnes e as castanhas portuguesas assavam impregnando o ar de uma vontade incontida de beliscar as provas.
A grande mesa de madeira ladeada por amplos bancos era pequena para acomodar toda a família.
Meus tios já haviam providenciado dias antes a cata do caranguejo, que fazia parte junto às aves e outros assados ao cardápio que se misturava às frutas de época.
Crianças que éramos, corríamos por todo a terreno durante o dia e a noite, no lúdico convívio entre primos e alguns vizinhos que ali iam chegando para os cumprimentos fraternos e as degustações oferecidas. Meu primo Osvaldo ao ouvir o barulho das locomotivas que chegavam ao pátio na oficina da ferrovia, as identificava pelo número, uma a uma, pelo som que emitiam. Vez em quando o estrondo do engate das locomotivas aos vagões se confundia com os dos fogos que anunciavam o novo ano.
Esperávamos ansiosos pela chegada de vovô Horácio, o pai de mamãe Oneida. mulato afrodescendente, casado em segunda união com vovó Joaquina, portuguesa de olhos de esmeralda. Hoje quando a ciência genética avança a passos largos, podemos entender o porquê de nossas gerações apresentarem uma miscígena diversidade de traços fisionômicos.
A expectativa da chegada de nosso patriarca era grande. Toda véspera de passagem de ano ele se unia aos companheiros do jornal A Tribuna de Santos, envolvido com a máquina de Gutenberg. O linotipo que lhe rendia algumas marcas de chumbo que por vezes se negavam a compor as letras que num mágico frenesi iriam imprimir as páginas do jornal, espirrando e provocando-lhe algumas queimaduras. Jornal que circularia às primeiras horas da madrugada do primeiro de ano.
Hoje, quando passo pela portaria de A Tribuna, na Rua João Pessoa, vejo em destaque o linotipo que meu avô operou por cerca de quarenta anos. Ao compor esta crônica nos teclados de um notebook, sinto a presença do ideal de meu avô, de juntar magicamente as letras para dar vida a frases que possam ser portadoras de emoções.
Ah... o jornal...Horácio Xavier dos Passos, quando deu por finda sua missão neste planeta foi lembrado em “Minuto de silêncio” crônica do também saudoso De Vaney.
“Não acreditei nunca que o afastamento pela aposentadoria lhe houvesse dado satisfação.... também não resistiu à saudade ...e vinha quase todas as tardes, montar guarda no portão de ingresso, para rever, ao menos de passagem, os componentes da família que a saúde abalada o obrigara a abandonar"[1]
Além da família e do jornal, duas outras paixões de meu avô, o Santos Futebol Clube e a filatelia.
Seu carinho pelo time de seu coração também foi comentado por De Vaney, “O Santos F. C. era um pedaço grande da vida de Horácio Passos. Eu tenho a impressão, quando desaparecem os Horácio Passos, tenho a impressão que morre, por algum tempo também, um trecho grande dos clubes que eles adoram” [2]
Da filatelia a lembrança dos dias em que menino, acotovelava-me a seu lado, onde munido de lupa, pinça e outros apetrechos, ele manuseava num ritual quase mágico sua bela coleção de selos. Olho de boi, olho de cabra, selos raros que ele cuidadosamente envolvia em celofane para afixar em seus organizados álbuns. Guardo ainda com carinho um catálogo e alguns selos que ele me presenteou. Guardo dele também a paixão pelo Santos Futebol Clube.
Acima avô Horácio em sua mocidade e o linotipo em que
construiu várias páginas do noticiário de A Tribuna.
À direita alguns dos selos que dele guardo como recordação
dos momentos em que me ensinava um pouco de filatelia.
construiu várias páginas do noticiário de A Tribuna.
À direita alguns dos selos que dele guardo como recordação
dos momentos em que me ensinava um pouco de filatelia.
Outras recordações....
Na década de 70, residimos em um apartamento do Pelé, em Santos.
Em 2007 a comenda "Mérito Peixeiro" com a qual fui agraciado n Vila Belmiro.


Na visita que fiz ao CT Rei Pelé em 06.01.2010 quando Dorival Júnior estava assumindo o cargo de treinador do Santos Futebol Clube.
Dorival Jr. o Atirador Júnior, foi meu comandado na 1a Turma de Instrução do Tiro de Guerra 02-002, em Araraquara, quando da prestação do Serviço Militar ao Exército Brasileiro.
Recordações de Caserna
Medalhas do Mérito Militar de bronze, de prata e de ouro, por bons serviços prestados ao Exército Brasileiro.
A Arma de Artilharia
O início da carreira militar em janeiro de 1964 no então Sexto Grupo de Artilharia de Costa - Fortaleza de Itaipu - Praia Grande - SP
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Título: Fortaleza de Itaipu Óleo sobre tela 50x70cm Acervo do autor: HDomingues (1979) |
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Título: Peça fogo!!! Óleo sobre tela 70x50cm Acervo do autor: HDomingues (1980) |
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Tïro de exercício com o canhão Vickers Armstrong 152.4mm |
O CANHÃO
(Luiz Carlos da Fonseca) 1880 – 1932 Guardando uma expressão de austera indiferença Por tudo que o circunda, atento no infinito. Queda-se a meditar no destino maldito Que prende a sua glória a uma tragédia imensa. Não há poder algum que tão de vez convença Traz sempre a boca aberta a sugerir um grito, Deixando, em toda a parte, um pânico inaudito, - Sinistro núncio, que é, da máxima sentença. Mal resiste no peso ao bélico transporte, Na inversão do seu fim, como que, por encanto, Lembrando um condenado a rastros para a morte. E parece, afinal, compenetrar-se tanto Do seu delito atroz que, em repulsão mais forte Quando atira, recua, enchendo-se de espanto. O Curso de Formação de Sargentos na Fortaleza de Itaipu |
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Os dez do CFS |
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Preparando para instalar a plataforma do canhão Vickers |

No Forte dos Andradas - 3a Bateria de Obuses de Costa - Guarujá - SP - 1969
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Em intervalo de instrução de tiro com o obuseiro Krupp 280mm. |
Na foto apareço acompanhado do amigo o então Sargento Anael.
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Torneio de Futebol - 2o BC - 1967 |
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Jantar confreternização da 3a BOC - Gonzaga - 1967 |