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quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

A arte de HDomingues



Recordações de fim de ano

O velho e conservado chalé de vovô na Rua Arnaldo de Carvalho, em Santos, ao lado das oficinas da Estrada de Ferro Sorocabana estava em festa. Reunidos com os tios , tias e primos, enchíamos o ambiente de sons dos mais diversos. O barulho se misturava com o estalar da madeira ardendo no fogão de lenha onde as carnes e as castanhas portuguesas assavam impregnando o ar de uma vontade incontida de beliscar as provas.
A grande mesa de madeira ladeada por amplos bancos era pequena para acomodar toda a família.
Meus tios já haviam providenciado dias antes a cata do caranguejo, que fazia parte junto às aves e outros assados ao cardápio que se misturava às frutas de época.
Crianças que éramos, corríamos por todo a terreno durante o dia e a noite, no lúdico convívio entre primos e alguns vizinhos que ali iam chegando para os cumprimentos fraternos e as degustações oferecidas. Meu primo Osvaldo ao ouvir o barulho das locomotivas que chegavam ao pátio na oficina da ferrovia, as identificava pelo número, uma a uma, pelo som que emitiam. Vez em quando o estrondo do engate das locomotivas aos vagões se confundia com os dos fogos que anunciavam o novo ano.
Esperávamos ansiosos pela chegada de vovô Horácio, o pai de mamãe Oneida. mulato afrodescendente, casado em segunda união com vovó Joaquina, portuguesa de olhos de esmeralda. Hoje quando a ciência genética avança a passos largos, podemos entender o porquê de nossas gerações apresentarem uma miscígena diversidade de traços fisionômicos.
            A expectativa da chegada de nosso patriarca era grande. Toda véspera de passagem de ano ele se unia aos companheiros do jornal A Tribuna de Santos, envolvido com a máquina de Gutenberg. O linotipo que lhe rendia algumas marcas de chumbo que por vezes se negavam a compor as letras que num mágico frenesi iriam imprimir as páginas do jornal, espirrando e provocando-lhe algumas queimaduras. Jornal que circularia às primeiras horas da madrugada do primeiro de ano.
            Hoje, quando passo pela portaria de A Tribuna, na Rua  João Pessoa, vejo em destaque o linotipo que meu avô operou por cerca de quarenta anos. Ao compor esta crônica nos teclados de um notebook, sinto a presença do ideal de meu avô, de juntar magicamente as letras para dar vida a frases que possam ser portadoras de emoções.
Ah... o jornal...Horácio Xavier dos Passos, quando deu por finda sua missão neste planeta foi lembrado em “Minuto de silêncio” crônica do também saudoso De Vaney.
“Não acreditei nunca que o afastamento pela aposentadoria lhe houvesse dado satisfação.... também não resistiu à saudade ...e vinha quase todas as tardes, montar guarda no portão de ingresso, para rever, ao menos de passagem, os componentes da família que a saúde abalada o obrigara a abandonar"[1]
Além da família e do jornal, duas outras paixões de meu avô, o Santos Futebol Clube e a filatelia.
Seu carinho pelo time de seu coração também foi comentado por De Vaney, “O Santos F. C. era um pedaço grande da vida de Horácio Passos. Eu tenho a impressão, quando desaparecem os Horácio Passos, tenho a impressão que morre, por algum tempo também, um trecho grande dos clubes que eles adoram”  [2]
Da filatelia a lembrança dos dias em que menino, acotovelava-me a seu lado, onde munido de lupa, pinça e outros apetrechos, ele manuseava num ritual quase mágico sua bela coleção de selos. Olho de boi, olho de cabra, selos raros que ele cuidadosamente envolvia em celofane para afixar em seus organizados álbuns. Guardo ainda com carinho um catálogo e alguns selos que ele me presenteou. Guardo dele também a paixão pelo Santos Futebol Clube.
                        

 Acima avô Horácio em sua mocidade e o linotipo em que
construiu várias páginas do noticiário de A Tribuna.


À direita alguns dos selos que dele guardo como recordação
dos momentos em que me ensinava um pouco de filatelia.




Outras recordações....

Na década de 70, residimos em um apartamento do Pelé, em Santos.


   Em 2007 a comenda "Mérito Peixeiro" com a qual fui agraciado n Vila Belmiro.

 



Na visita que fiz ao CT Rei Pelé em 06.01.2010 quando Dorival Júnior estava assumindo o cargo de  treinador do Santos Futebol Clube.
                         
Dorival Jr. o Atirador Júnior, foi meu comandado na 1a Turma de Instrução do Tiro de Guerra 02-002, em Araraquara, quando da prestação do Serviço Militar ao Exército Brasileiro.

Recordações de Caserna

Condecorações


 Medalhas do Mérito Militar de bronze, de prata e de ouro, por bons serviços prestados ao Exército Brasileiro.


A Arma de Artilharia


 O início da carreira militar em janeiro de 1964 no então Sexto Grupo de Artilharia de Costa - Fortaleza de Itaipu - Praia Grande - SP

Título: Fortaleza de Itaipu
Óleo sobre tela 50x70cm
Acervo do autor: HDomingues (1979)


Título: Peça fogo!!!
Óleo sobre tela 70x50cm
Acervo do autor: HDomingues (1980)













Tïro de exercício com o canhão Vickers Armstrong 152.4mm








O CANHÃO
                                       (Luiz Carlos da Fonseca)
                                                       1880 – 1932

Guardando uma expressão de austera indiferença
Por tudo que o circunda, atento no infinito.
Queda-se a meditar no destino maldito
Que prende a sua glória a uma tragédia imensa.

 
Não há poder algum que tão de vez convença
Traz sempre a boca aberta a sugerir um grito,
Deixando, em toda a parte, um pânico inaudito,
- Sinistro núncio, que é, da máxima sentença.

Mal resiste no peso ao bélico transporte,
Na inversão do seu fim, como que, por encanto,
Lembrando um condenado a rastros para a morte.

E parece, afinal, compenetrar-se tanto
Do seu delito atroz que, em repulsão mais forte
Quando atira, recua, enchendo-se de espanto.

Marcha de exercício da 1a Bateria de Canhões (1964)



                               O Curso de Formação de Sargentos  na Fortaleza de Itaipu



Os dez do CFS

Preparando para instalar a plataforma do canhão Vickers







No Forte dos Andradas - 3a Bateria de Obuses de Costa - Guarujá - SP - 1969

Em intervalo de instrução de tiro com o obuseiro Krupp 280mm.


Na foto apareço acompanhado do amigo o então Sargento Anael.



Torneio de Futebol - 2o BC - 1967
Jantar confreternização da 3a BOC - Gonzaga - 1967











  
                     

domingo, 11 de dezembro de 2011

Boas Festas!

O tempo e o Natal

Lembranças dos idos de menino,
Do Papai Noel todo colorido,
Do sapato na janela estendido
À espera do presente de Natal.

 
Da bola de capão que eu ensebava,
Prá não ressecar à espera da pelada,
Que jogávamos no terreno do local.

Do pião que ao rodar assoviava,
E transparente parece que ficava,
Ao girar na terra firme do quintal.

Lembranças que iluminam a memória,
De folguedos diferentes dos de agora,
Da Internet, Facebook e outras modas.
 
Tempo  mágico, rua de paralepípedo,
Dos trilhos do bonde em que meninos
Andávamos a pegar pelos estribos.

Hilário Domingues Neto
São Carlos, 11 dezembro 2011



HDomingues
Bonde 17 "Campo Grande" (Santos)
Óleo sobre tela - 55x40cm